Estudantes de Taubaté criam estratégia para construção de veículo off road
Desde 1996, diversos alunos dos cursos de Engenharia da Universidade de Taubaté (UNITAU) participam do projeto “Baja”, promovido pela SAE Brasil. As atividades foram suspensas por um tempo e em 2016 foram retomadas. O programa tem como intuito desafiar estudantes de Engenharia de todo o país a construírem um veículo off road, em que os universitários trabalhem desde o desenvolvimento até a construção e os testes em corridas.
Neste ano, a competição aconteceu de forma online e os estudantes não participaram, mas, mesmo assim, estão desenvolvendo o veículo para que os alunos aperfeiçoem suas técnicas e possam ter o contato com a parte prática do curso.
Os integrantes da equipe desenvolveram todo o projeto da construção do automóvel de forma remota, com a orientação do Prof. Dr. Fernando Silva de Araújo Porto, e depois voltaram a frequentar o Departamento e os laboratórios para realizarem a parte prática. “Dificuldades foram encontradas, mas foram superadas com muita tranquilidade. A chave de tudo não foi a minha atuação, e, sim, o desempenho firme e dedicado da equipe. As lideranças conseguiram ultrapassar sozinhas as transições internas, estabeleceram as metas, agregaram novos integrantes e se envolveram profundamente no desenvolvimento do projeto”, diz o professor coordenador do “Bajuta”, como foi carinhosamente apelidado por ser desenvolvido no campus da JUTA, na UNITAU.
Fernando Porto ainda complementa que ser orientador dessa equipe é uma experiência muito satisfatória e realizadora para ele. “Vejo o esforço dos alunos em projetar e construir o veículo como essencial. Um ciclo tem de ser fechado para se ter um aprendizado e um ganho técnico real. É nessa prática vivenciada pelo Bajuta, que um grupo de pessoas é transformado em uma equipe coesa e dinâmica, e alunos são forjados como engenheiros”, reflete.
Para o diretor do Departamento de Engenharia Mecânica, Prof. Me. Pedro Marcelo Alves Ferreira Pinto, o projeto oferece uma base para que os alunos participem de trabalhos científicos, estágios, pesquisas e também oferece oportunidades para professores buscarem situações reais dentro do projeto para levarem para a sala de aula.
“O Baja também é uma forma que eles têm de agregar conhecimento. Todo o esforço para desenvolver esse projeto teve um viés de integração, troca de experiências e discussões muito importantes. Por mais que eles não tenham participado da competição fisicamente neste ano, por conta da pandemia, o cumprimento de todo o processo encerra um ciclo e de certa maneira os prepara para o próximo ano”, opina.
Outro professor que também incentiva o projeto, Prof. Me. Leandro Maia Nogueira, conta que um de seus objetivos é que o Baja vire um projeto de extensão. Ele ainda relata que os docentes e coordenadores estão adaptando a grade curricular dos cursos de Engenharia para que haja uma interação direta com o projeto Baja. “Um fator muito positivo é que nessas competições, que ocorrem a nível nacional, as empresas mandam ‘olheiros’ para acompanhar. Então, o Baja acaba sendo uma vitrine para que os alunos sejam descobertos por essas empresas”, expõe o coordenador dos cursos de Engenharia.
Etapas do projeto
O capitão da equipe explica que a ideia de construir o veículo, mesmo sem a competição, surgiu para trazerem novas estratégias e dinâmicas. “Antigamente, nós fazíamos por tentativa e erro. Atualmente, organizamos as fases de produção em uma lousa. Basicamente, a primeira fase é o planejamento. Depois passamos para o desenvolvimento, em que nós colocamos o carro em um software 3D e, assim, o projetamos”, explica o aluno Leandro de Oliveira Casemiro da Rocha.
“Na fase de construção, fazemos as peças que não compramos e, depois, temos a fase de montagem e detalhamento do chassi, como a pintura. Assim, finalizamos o carro. Após todo esse processo, partimos para a fase de testes, em que nós avaliamos tanto a segurança, quanto a dinâmica do carro”, finaliza.
As atividades são divididas conforme a área de estudo de cada universitário. Carlos Enrique Felipe Carvalho dos Santos, por exemplo, é o líder do setor de compósitos. Ele trabalha na área estética e na de estrutura do automóvel, trazendo mais proteção ao piloto. Junto com o projetista, eles desenvolvem as carenagens, que são proteções que ficam em volta do chassi do veículo e impossibilitam que alguns detritos entrem na cabine. “Eu sempre me vi atuando dentro de uma equipe de automobilismo, projetando e construindo um carro para um dia competir. Participar do Baja é um sonho realizado”, menciona.
Já Henrique Bernardes Rappa Biondi ocupa o cargo de líder de powertrain e diz que uma das coisas que mais chamou a atenção dele para ingressar no curso era este projeto, pois ele já sabia da existência e conta que, atualmente, tem sido a melhor experiência dele. “No meu setor, desenvolvemos uma caixa de redução, em que conseguimos melhorar o desempenho do veículo. Na competição, o carro precisa de bastante força. Com o motor totalmente original, não conseguimos essa força para passar por certos obstáculos. Por isso, desenvolvemos a caixa, que se tornou essencial para o bom desempenho do veículo. Toda equipe precisa trabalhar em conjunto e isso é muito legal”, cita.
Inscrições para novos membros
Em agosto de 2022, a equipe planeja ir para um campeonato regional em Sorocaba e irão abrir inscrições para novos membros no início do ano. Em breve, mais informações serão divulgadas no perfil do instagram da equipe e, em caso de dúvidas, entre em contato pelo mesmo local.
Foto: Leonardo Oliveira